Documentário grava cenas no cais do Porto de Paranaguá 02/08/2019 - 17:57

O cais do Porto de Paranaguá foi palco quinta-feira (01) de gravação de cenas do documentário Tesouro Natterer, que conta a trajetória no Brasil do naturalista Johann Natterer, um dos integrantes da Expedição Austríaca que veio ao país no início do século 19.

“Natterer saiu do Rio de Janeiro e passou por Paranaguá em 1821, depois foi para Goiás, Mato Grosso e subiu pelo rio Guaporé para a bacia amazônica. Foi nas fronteiras da Colômbia e Venezuela e chegou até Belém do Pará, onde encerrou sua viagem de 18 anos, uma grande expedição”, explica o cineasta Renato Barbieri, diretor e produtor do documentário.

O resultado de sua longa permanência no país e de sua intensa atividade de naturalista colecionista produziu um legado de mais de 50 mil peças naturais e etnográficas que, hoje, encontram-se perfeitamente conservadas em 2 dos principais museus de Viena: o de História Natural e o Weltmuseum Wien, antigo Museu Etnográfico.

Segundo Barbieri, “Natterer é praticamente desconhecido dos brasileiros. No entanto, entre as mais de 50.000 peças que coletou e catalogou, cerca de 1.700 são etnográficas e representam mais de 70 etnias indígenas, a grande maioria já extinta. Dentre elas, a dos povos Munduruku, Baniwa, Bororo, SateréMawé, Apiacá, Krahô, Xavante, Botocudo, Manao e Tukano. É um dos maiores acervos etnográficos de um Brasil de 200 anos atrás”.

A obra é produzida exclusivamente para salas de cinema e tem previsão de estreia no segundo semestre de 2020 e primeiro semestre de 2021, no Brasil e na Áustria.

CURIOSIDADES - Johann Natterer escreveu inúmeras cartas e relatórios, bem como um diário de viagem. Muita coisa se perdeu, mas importantes fontes de informação confirmam que passados 200 anos da expedição, foram inúmeros os desafios, como falta de mão de obra e equipamento para seus trabalhos de caça, pesca e taxidermia dos animais coletados. Falta de dinheiro, longos períodos de chuva, acidentes e doenças, pragas como formigas, cupins e ratos, deslocamentos em grandes tropas de mulas e cavalos (uma dessas tropas chegou a contar com 110 mulas), a complicada logística envolvida no preparo e encaminhamento das 11 remessas do material coletado feitas a Viena.

Para remeter todas as peças para a Áustria, eram produzidas caixas de madeira, envoltas em couro de boi e impermeabilizadas com cera de abelha.

PESQUISA - Acompanha a equipe de produção o pesquisador e professor Kurt Schmutzer, especialista na história de Johann Natterer, que no documentário representa o alter-ego do naturalista.

 

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