Porto de Paranaguá dá início ao programa de Educação Ambiental 04/10/2012 - 10:00

Comunidades do entorno do Porto recebem oficina de artes. Pescadores pintam um mapa da própria localidade em que vivem, com suas reivindicações

   A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) deu início ao programa de Educação Ambiental junto às comunidades do entorno ao porto. O programa é ligado ao projeto da dragagem de manutenção do Canal da Galheta e tem como objetivo traçar um diagnóstico participativo com as comunidades, levantando as principais demandas e necessidades dos grupos que vivem no entorno do porto.

   Pescadores e familiares de doze comunidades participam de oficinas de arte coordenadas por uma equipe multidisciplinar que envolve áreas como biologia marinha, antropologia e artes plásticas.

   Ao todo, os profissionais da Appa e da DTA Engenharia, empresa responsável pela dragagem, se reúnem em quatro locais. As primeiras comunidades que receberam a oficina foram as de pescadores da Ilha dos Valadares, Vila Guarani e Beira-rio. A atividade foi realizada em um clube recreativo, na Ilha dos Valadares. Na última quarta-feira (3), a reunião foi na Ilha do Mel, com as comunidades da Ponta Oeste, Brasília e Encantadas.

   De acordo a bióloga marinha, Lígia Módolo Pinto, responsável pelo Plano de Comunicação Social da Dragagem, o Programa de Educação Ambiental é uma exigência dos órgãos ambientais. “Então, tivemos que desenvolver uma atividade que se encaixasse nesse período curto de tempo – apenas quatro meses – que a comunidade pudesse trabalhar com as próprias mãos e, além disso, ter espaço para as reivindicações. Foi assim que chegamos até essa atividade: a oficina de artes. Pela arte as pessoas se soltam e interagem melhor”, afirma.

Arte – A oficina começa com uma interação entre as pessoas. Tecendo uma rede com barbantes, eles vão se apresentando. Esta é apenas uma introdução para a atividade principal. O produto da oficina, desenvolvido pela comunidade, é um mapa. Este é riscado e pintado em tecido, pelos próprios pescadores.

   Além de uma obra de arte, é um instrumento de reivindicação. “Nesse mapa, a comunidade coloca o que falta, o que desejam para o meio ambiente em que vivem e trabalham”, explica Lígia.

   A atividade é coordenada pela artista plástica paulista, Sylvia Helena Boock de Freitas. “Esta é apenas uma das fases do programa. Esse encontro tem o senso do resgate do humano que existe nessas pessoas que, além de pescadores, são seres sociais. A arte sensibiliza e trata da importância de se cuidar – cuidar de si e do meio ambiente”, explica a artista.

   As tintas são feitas durante a oficina com terra, carvão, folhas, espinafre, beterraba e produtos industriais corriqueiros como pó xadrez (usado, entre outros fins, para pintar os barcos), detergente e outros.

   “Atividades como essa são as melhores. Alguns podem até se aborrecer mas quem fica, com certeza gosta. E vão contar para os outros o que significa mais público para os próximos encontros”, comenta Braz Miranda Teodoro, 75, liderança dos pescadores da comunidade Beira-rio.

   “É importante porque a gente convive com outras pessoas que, geralmente, encontramos na pesca, mas nunca tivemos oportunidade de conversar. Tem gente aqui que nunca participou de uma oficina na vida”, completa Diarone das Neves, 48, liderança dos pescadores da Ilha dos Valadares.

   Os mapas produzidos ficarão com as comunidades – como um instrumento de reivindicação organizado. O registro fotográfico da obra irá compor um diagnóstico ambiental que ficará na Appa e com o órgão ambiental.

Comunidades – Na quinta (4), será em Piaçaguera, com as comunidades de lá e da Eufrasina, Amparo e São Miguel. Na sexta (5), o encontro será no Ponto de Embarque com a comunidade de Pontal, Maciel e colônia dos Pescadores de Paranaguá. As oficinas são sempre à tarde. Quarta e quinta, a partir das 14h. Na sexta, será às 16h.

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