Requião abre convenção em Foz e defende portos públicos abertos 23/07/2009 - 14:20

O governador Roberto Requião abriu na noite de quarta-feira (22) a I Convenção Hemisférica de Proteção Ambiental Portuária, em Foz do Iguaçu. O evento é promovido pela Organização dos Estados Americanos (OEA) e vai reunir até sexta-feira (24) representantes de 34 países em debates e palestras sobre meio ambiente, desenvolvimento sustentável, desenvolvimento portuário e alternativas logísticas.

“No contexto que vivemos hoje, da falência do neoliberalismo, a importância da sobrevivência da natureza e dos portos públicos abertos para a economia dos países, sem a preocupação absurda dos monopólios, é fundamental”, destacou o governador.

De acordo com Requião, a preocupação com o meio ambiente se inscreve no momento de crise, no ponto de vista da sobrevivência da humanidade. “Os portos públicos ficam em nações, que tem história, processo civilizatório. A economia deve ser pensada do ponto de vista da humanidade. Daí a nossa guerra contra o monopólio privado dos portos, sem preocupação com o meio ambiente, só visando o lucro. Queremos o fim do monopólio das empresas de dragagem, que não pensam na preservação”, ressaltou.

“Os EUA, hegemônicos e vencedores da guerra, estabelecem o dólar como padrão de intercâmbio, com uma limitação, a contrapartida em ouro. Isso durou pouco tempo, eles logo passam a emitir a moeda sem o lastro. Eles tinham 80% das riquezas do mundo. A lei americana de patentes é vendida a todas as nações. Os EUA, emitindo o que queriam, inundam o mundo de dólar, expandem de forma notável as suas empresas”, afirmou.

Requião também disse que salários congelados não geram consumo. “Hoje se constata que a filosofia do lucro e da ganância não é a saída. Os trabalhadores mal pagos e endividados começam a não honrar seus compromissos, tal como a crise de 1929, o sistema cai, colocando o mundo em crise. Cai a tese de que a ganância e a exploração eram o único motor de desenvolvimento, cai o monopólio econômico de empresas privadas.”

“Presto a minha homenagem pessoal ao personagem que iluminou a nossa consciência jovem e hoje se faz representar aqui pelo seu filho Jean-Michel Cousteau. Seu pai não morreu, porque não podemos admitir que morra a esperança de liberdade e a luz. Jean com sua experiência iluminou e abriu a consciência de gerações. Continue o trabalho de seu pai. O governo do Paraná está orgulhoso de receber aqui em Foz do Iguaçu esta grande figura”, ressaltou Requião.

O vice-governador Orlando Pessuti ressaltou que a questão ambiental deve ser uma ação permanente em que a população esteja inserida e participando. “Modificamos para melhor a realidade do estado do Paraná. Políticas de manejo de solo e proteção das águas, programas de proteção da mata ciliar, reservas legais dentro da proteção legal. Assim tem sido nas nossas ações dos Portos de Paranaguá e de Antonina: ações modificadoras”, afirmou.

“Com um porto melhor para nossos paranaenses, podemos dizer que cada um é capaz de demonstrar a sua capacidade e de transformar o dia a dia. O Porto é um exemplo nestas questões, em função de tudo aquilo que implantou. Universitários e especialistas discutem até sexta-feira soluções para problemas ambientais. Discutiremos não só os aspectos econômicos, mas os aspectos sociais e ambientais. Só assim poderemos viver com mais qualidade”, destacou Pessuti.

MANIFESTO - O superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Daniel Lúcio Oliveira de Souza, falou sobre o manifesto assinado pelos 35 portos públicos brasileiros e que representam 90% da movimentação do comércio exterior no País. O documento traduz o comprometimento das autoridades portuárias com o desenvolvimento sustentável e a gestão ambiental portuária.

Durante a solenidade de abertura, o ex-superintendente Appa e atual secretário de Representação do Paraná em Brasília, Eduardo Requião, recebeu uma homenagem pelas ações pioneiras implantadas na área ambiental e que resultaram na realização da Conferência. A homenagem foi entregue pelo secretário da Comissão Interamericana de Portos da Organização dos Estados Americanos (CIP-OEA), Carlos Gallegos.

Em seu discurso, Gallegos disse que a preocupação com a questão ambiental portuária começou a se desenvolver há dez anos e que hoje apresenta os primeiros resultados práticos.

“As discussões sobre manejo de ações agrícolas que se não forem controladas podem contaminar os mares, o cuidado com o transporte de combustíveis, o controle das emissões de carbono na atmosfera, o controle dos navios que transportam cargas perigosas e que podem acabar com os paraísos ecológicos, entre outros temas”, enumerou Gallegos. Para ele, a Convenção proporcionará uma melhor análise das ações que devem ser implementadas para proteger o meio ambiente nas áreas portuárias.

O prefeito de Foz do Iguaçu, Paulo Mac Donald, disse que a escolha da cidade para sediar o evento vem ao encontro dos projetos em andamento no município como, por exemplo, o que prevê tornar o Lago de Itaipu navegável, trazendo riquezas e ainda mais desenvolvimento para a região e para o país.

O secretário para Assuntos do Paraná em Brasília, Eduardo Requião, lembrou que administrou os Portos do Paraná por cinco anos e que neste período o Porto de Paranaguá passou de quarto para segundo maior porto do Brasil e o primeiro em exportação de carnes congeladas. “Ultrapassamos todas as barreiras e fizemos inovações, como a criação do primeiro Terminal Público de Álcool, o corredor de congelados”, informou.

De acordo com o secretário, o evento é o resultado de um trabalho iniciado em 2003. “As discussões aqui travadas são muitos importantes porque discutir o meio ambiente é discutir a vida. Espero que este encontro possa trazer mais luz às relações humanas”, avaliou Eduardo Requião.

A convenção teve início na terça-feira (21), no Centro de Eventos Mabu Thermas & Resort. Paralelamente ao evento é realizado o Seminário de Sustentabilidade em Comércio Exterior.

Estão previstos debates com os presidentes das Câmaras de Comércio Brasil-China, Brasil-Rússia e Brasil-Itália, além do cônsul econômico do Consulado da África do Sul.

Também, dentro da programação oficial da convenção, a OEA promove o 1.º Simpósio Integrado de Logística Portuária e Meio Ambiente e o 1.º Seminário de Sustentabilidade e Potencialidades em Comércio Exterior.